sábado, 26 de março de 2011

As Múltiplas Faces da Avaliação: conjecturas e controvérsias

Este texto, de autoria de Christiane Novo Barbato, foi publicado originalmente no Jornal Gazeta Regional de Jaguariúna, em março de 2011.
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O Homem é intrinsecamente uma obra inacabada. Não importa sua idade, nem quão experiente ele seja, está sempre apto a experimentar, deduzir, inferir, induzir e somar conhecimentos, ou seja, está sempre pronto a se modificar, bastando para isso que ele queira. É sua capacidade de se reconstruir, diariamente, que o distingue dos outros animais e o faz tão especial. Em decorrência, a avaliação aparece como ferramenta de investigação do estado atual, para propor correções de rumos e alcançar novos estágios do saber e diferentes comportamentos.
Contudo, o processo bastante complexo que permeia os vários propósitos da avaliação pode causar certo impacto não muito confortável. A começar pela palavra que a designa: avaliação. Desde a infância, submetemo-nos a avaliações, não só as escolares, o que para muitos significam torturas ou vinganças, mas àquelas diárias que nos impõem a sociedade, o trabalho e, por que não, nossos espelhos.
Assim é que atribuímos à palavra um sentido que não lhe pertence, ou que não lhe deveria pertencer. Muitos educadores dedicaram seus estudos à avaliação, exatamente por perceberem que o termo vestira-se de roupagem tal, não só pelos avaliados, mas igualmente por seus avaliadores, que perdera seu sentido.
Durante anos, os cientistas da Educação têm unidos seus esforços no sentido de demover a conotação de estrita verificação de que se investira a avaliação. Entende-se, atualmente, que há três tipos de avaliação, que se diferenciam conforme seus propósitos: avaliação diagnóstica, que se propõe a mapear conhecimentos prévios para orientar planos de ensino; avaliação formativa, que se destina ao acompanhamento da evolução do aprendizado e, finalmente, a avaliação certificativa, que verifica a aquisição almejada.
Ao entendermos a avaliação como uma pesquisa que visa averiguar os conhecimentos a partir dos quais se dará a apreensão de novos e significativos conceitos, ou em que medida os objetivos e metas foram alcançados, quer no ambiente acadêmico, quer no empresarial, qualquer conotação ameaçadora que o ato de avaliar poderia apresentar não fará mais sentido.
No escopo deste novo conceito, é premente que se discuta o papel do avaliador. Ao planejar um instrumento avaliativo, como em qualquer tipo de pesquisa, há que estabelecer, inicialmente, quais perguntas devem ser respondidas e quem as responderá. 
Partindo-se, então, do pressuposto de que a avaliação envolve, entre outros, o objeto a ser analisado e o objetivo da intervenção, parece natural concluir que o avaliador, quem quer que ele seja, deve conhecer plenamente, não só os objetivos da avaliação, mas também os objetos a serem avaliados.
Se essa é uma concepção que se mostra amplamente disseminada pela literatura e aceita pela sociedade contemporânea, ela não vai tão bem quando nos deparamos com as práticas adotadas por algumas organizações, nomeadamente instituições de ensino.
Senão, vejamos: baliza-se como ponto crucial para o bom entendimento do ato avaliativo, enxergá-lo como uma das etapas do planejamento, tanto nas empresas, quanto nas salas de aula. Ora, se é consenso que as estratégias devem ser discutidas em todos os segmentos da organização, a avaliação não deveria ser exceção à regra.
Ainda nesse sentido, se cabe ao professor conhecer cada um dos seus alunos e adequar a forma com que se dará o ensino ao perfil estabelecido, então a avaliação só faz sentido se planejada pelo próprio docente, para servir-lhe de esteio à reorganização contínua de seu trabalho durante toda a ação do aprendizado.
Entretanto, o que vemos em algumas instituições são métodos avaliativos e, nos piores casos, as próprias avaliações, impostos por atores que não aqueles envolvidos diretamente no processo.
O que nos parece inverossímil é a capacidade desses profissionais elaborarem uma avaliação justa, abrangente, coerente e efetiva.
Desse modo, capturar do professor o direito e a responsabilidade de planejar a avaliação de seus alunos, de escolher o melhor método - o que inclui o formato e a quantidade de instrumentos - de acompanhar seu desenvolvimento, de analisar suas carências, parece transpirar certa dúvida quanto à capacidade do docente.
Finalmente, ao admitirmos a veracidade dessa hipótese, concluímos que a própria instituição duvida de sua competência em recrutar, selecionar e, posteriormente, avaliar o desempenho do profissional responsável pelo serviço que ela oferece a seu cliente.
Assim como o marketing educacional tem influenciado sobremaneira as estratégias de um número cada vez maior de instituições de ensino, queremos acreditar que a gestão de pessoal também ocupará um lugar de destaque em seus planejamentos administrativos, como já acontece em inúmeras instituições mais bem organizadas.
Certamente, conferir aos profissionais do ensino todas as responsabilidades e os créditos do exercício pleno da docência sinaliza competência e maturidade da gestão educacional. Nada mais prazeroso e recompensador ao professor, e nada melhor para o consumidor, que na hora de optar por uma instituição de ensino, pode se valer de um bom referencial da qualidade da educação que lhe será oferecida pela instituição, porquanto ela é proporcional à valorização do profissional e à confiança que a instituição deposita em seu corpo docente; afinal, é ele quem estará com o cliente, cotidianamente, entregando o serviço comercializado.

Prof. Ms. Christiane N Barbato
Coordenadora de cursos de Pós-Graduação da Faculdade de Jaguariúna
Nota: Algumas das ideias iniciais deste artigo se encontram em texto pregresso redigido pela mesma autora.

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Fonte:http://www.frasesfamosas.com.br/de/albert-einstein/pag/2.html



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