Iluminação
A ti, Matemática, Rainha de todas as ciências,
A ti, que a verdade apresentas,
Em símbolos e números que te tecem,
Em termos que somente a ti pertencem,
E em sentimentos que às vezes me confundem:
Que eu some conquistas e subtraia decepções,
Multiplique sabedorias e saiba dividi-las com meus camaradas.
Seja fiel a teus princípios, para não incorrer em erros lógicos.
Seja integral e faça derivar a função que a mim for destinada.
Que a probabilidade de eu te deixar um dia,
Seja o mínimo de um conjunto enumerável,
E seja suprema a vontade de apoderar-me
Das infinitas surpresas que em ti me aguardam.
Que se renove a criatividade que em mim despertas,
O poder de compreensão que me concedes,
O raciocínio lúcido e crítico que em mim provocas,
À medida que em teu leito me acomodas.
Que o negativo gere em mim o seu oposto,
E o inverso do ruim me aconteça,
O somatório de meus sonhos apareça,
Como mágica, no real do imaginário.
Que o singular e o plural estabeleçam
A lógica dos enunciados categóricos.
E as freqüências dos resultados positivos,
Ultrapassem a média do improvável.
Que eu reconheça teus fiéis aonde estejam,
E que eu possa me integrar aos meus iguais,
Que a propriedade transitiva aconteça,
E geométrica seja a transmissão dos teus sinais.
Que minhas virtudes, assim como os meus pecados
Sejam ambos tais qual curva exponencial.
A primeira, uma crescente de base inteira,
E a outra, decrescente, decimal.
Que seja finito o conjunto dos meus desânimos,
E a busca em conhecer-te nunca acabe,
Ainda que consciente de meus limites,
Ante a infinitude de tua majestade.
Que eu seja correta, completa, consistente,
E acima de tudo, bastante inteligente,
Para compreender-te em insólitos conceitos,
E para amar-te mesmo que por inepta eu me tome.
Que em meu passeio por tuas figuras mais estranhas,
Ou ao percorrer os lados do triângulo,
Ao perceber a perfeição daquelas formas,
Compreenda o Criador em tuas entranhas.
Quando olho os girassóis e me apaixono,
Quando choro ouvindo a música no piano,
Muitas vezes esqueço do porque e como.
Na verdade há matemática no que eu amo.
Que seja maior a porcentagem de bons frutos,
Do que a parcela dos erros cometidos,
Que ao te transmitir aos discípulos de tua arte,
Vislumbrem em ti o bom e o belo refletidos.
Que eu tenha a perspicácia de perceber-te próxima,
Quão longe possas parecer a olho nu,
Enxergar-te linda e experimentar tua eficácia,
Tua extensão e exatidão é o que seduz.
Se no horizonte as paralelas se encontram,
Se na verdade o universo se traduz,
E não há nada que não seja contestável,
Então assim me submeto à tua luz.
E quando enfim me for ceifado o que alimenta
E eu me despir do pensamento que me guia,
Seguirei com o coração enfeitiçado,
A estrada que a tua Lua ilumina.
Prof. Ms. Chrisitane Novo Barbato - cnbarbato@faj.br
PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENADORA
FACULDADE DE JAGUARIÚNA - http://faj.br/